Dia de finados é marcado por homenagens e saudades no DF
Data para relembrar a memória daqueles que faleceram e prestar homenagens, o Dia de Finados é, para muitos, sempre marcado pela emoção. Ontem, o Correio percorreu cemitérios do Distrito Federal e testemunhou famílias e amigos que, sob céu nublado e garoa, uniram-se na missão de honrar seus entes que já partiram. Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania o DF (Sejus), cerca de 600 mil pessoas estiveram presentes nos cemitérios da capital.
Enquanto alguns veem a data como um feriado para relaxar, outros aproveitam o significado do dia para consolidar tradições. O servidor público federal Henrique Ferreira, 39 anos, e sua esposa, a professora Luiza Ferreira, 35, vão ao cemitério com os três filhos todos os anos — agora quatro, pois o caçula está a caminho.
"Nós viemos para visitar os bisavós das crianças, no caso os nossos avós. Fizemos disso uma tradição, porque a gente tenta tirar delas o sentido mórbido da morte. Queremos mostrar que a morte é uma coisa natural da vida, para elas compreenderem isso e verem o sentido da eternidade, para que não vejam a morte como um término, mas como uma passagem para o paraíso", contou Henrique, enquanto as crianças brincavam com um cata-vento deixado em um dos túmulos próximos.
Sozinha, a cabeleireira Raimunda Rocha, 64, saiu do Recanto das Emas para passar o dia ao lado do tio que, em vida, era para ela um pai. A reportagem a encontrou, no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga, sentada no jazigo do ente querido. "Todos os anos, eu venho e passo dia inteirinho sentada com ele, é tradição", confessou.
O tio de Raimunda faleceu há cerca de 25 anos, em decorrência de uma pneumonia. Ela contou que nos primeiros anos ia ao cemitério todos os domingos para almoçar com o familiar, assim como costumavam fazer quando ele era vivo. "Para mim, é um momento especial. Eu trouxe flores e vela, porque ele era muito católico", disse.
Maria Valdeni da Silva, 54, foi ao cemitério de Taguatinga na companhia da neta Yasmin Sofia Silva, 13. Ela foi visitar o túmulo dos pais, avós de Yasmin, e do filho, que faleceu em 2019, aos 20 anos, de acidente de moto. "Todo ano a gente vem no dia 2. Eu venho prestigiá-los com a minha presença, acho que é o que mais importa." Emocionada, Maria Valdeni contou que o filho era jovem, trabalhador e a ajudava em tudo.
Devoção
Para além de visitar entes queridos e amigos próximos, há quem transforma a data num momento de prestar homenagens aos falecidos que os cativaram de alguma forma, ainda que não tenham os conhecido em vida. No Campo da Esperança da Asa Sul, os jazigos do 21° presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, e da pequena Ana Lídia, brutalmente assassinada aos 7 anos, em setembro de 1973, recebem diversas visitas no Dia de Finados.
Anualmente, o túmulo da menina é coberto por brinquedos, balões e flores, além de velas. Há pessoas que acreditam que Ana Lídia tornou-se santa. É o caso do aposentado Paulo Bezerra Filho, 65 anos. O morador da Estrutural declarou que é testemunha de um milagre intercedido pela menina. Pediu à criança ajuda para largar o vício no álcool e no cigarro e ela concedeu a graça. Livre do vício há 30 anos, ele visita o túmulo de Ana Lídia anualmente e acende velas. Sobre os brinquedos deixados no local, a assessoria da Campo da Esperança informou que, ao fim do dia, todos foram recolhidos e doados a instituições de caridade.
JK
O Correio encontrou mãe e filha admirando o jazigo de JK. As aposentadas Antônia Amorim, 73 e Alessandra Vidal, 50, moradoras de Taguatinga e Águas Claras, respectivamente. Antônia contou que admira a história de vida do ex-presidente e, como o túmulo fica localizado perto do de seu marido, estabeleceu a tradição de visitá-lo também.
Pelo olhar religioso, o arcebispo da arquidiocese de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, falou sobre a importância da data aos católicos. "Dia de Finados é o dia que recordamos os nosso falecidos. Eu diria que é o Dia da Saudade; É humano viver a saudade e sentir a perda, mas é preciso vivê-la aberto à realidade da fé que ilumina a morte e nos mostra que a partida é apenas uma passagem para a vida definitiva e junto a Deus."
A radialista Fátima Araújo, 69, e sua filha, a turismóloga Hyana Araújo, 34, sentem-se acolhidas ao assistir à missa. Moradoras do Guará, assistem à celebração do Dia de Finados há 19 anos, quando o marido de Fátima, pai de Hyana, morreu.
Flores e velasOs dois itens são tidos como símbolos do Dia de Finados são as flores e as velas. As diversas bancas nos portões dos cemitérios ficam lotadas na data. Helena Fagundes Galvão, 68, tem uma banca em frente ao cemitério de Taguatinga há 24 anos. Ontem, ela estava empolgada com as vendas. "Apenas com o que vendemos pela manhã já acho que os negócios estão melhores do que ano passado. O pessoal tem levados muitas arranjos e crisântemo", apontou.
CustosA moradora de Samambaia Lauanny de Souza, 24, foi ao cemitério homenagear sua avó, tios e primos. Ela fez questão de comprar flores aos seus falecidos. "Todos os ano, nós trazemos os arranjos para enfeitar os túmulos, é uma tradição de família e, apesar de achar que os preços estão mais elevados, vamos levar as flores e as velas", contou.
A Campo da Esperança e Serviços Ltda. informou que, para sepultar uma pessoa no DF, é preciso arrendar um jazigo por 10, 15 ou 20 anos ou comprar o título perpétuo do espaço. Cada estrutura pode ter até três gavetas, que são compartimentos para as urnas funerárias, e pode ser reutilizada de acordo com a legislação e a necessidade da família proprietária.
Uma vez arrendado ou adquirido o jazigo, e quitado, o proprietário não terá custo de manutenção obrigatória. Somente quando ocorrer a necessidade de sepultamentos, exumações ou outros serviços cemiteriais é que serão cobradas as taxas correspondentes. A contratação do serviço de manutenção individual dos jazigos, de pagamento mensal de R$ 85,52, não é obrigatória. Apenas 20% dos jazigos têm esse serviço contratado.
Jazigo pioneiro
Em janeiro de 1959 ocorreu a inauguração do Campo da Esperança (Asa Sul). Para a ocasião, chegou do Pará o corpo de Bernardo Sayão, pioneiro que havia ajudado a construir boa parte da cidade. Hoje, o túmulo do engenheiro agrônomo está localizado na Praça dos Pioneiros do cemitério, onde também estão os jazigos de JK e da ex-primeira-dama Sarah Kubitschek.
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Letícia Guedes +Letícia Guedes
RepórterBrasiliense, jornalista formada pela Unip. Como estagiária, atuou na produção do Repórter DF, na TV Brasil, na Revista do Correio e a atualmente é repórter de Cidades.
postado em 03/11/2024 06:00Visite correiobraziliense.com.br para ler a matéria completa.Últimas Buscas
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