Período favorece o aparecimento de escorpiões, aranhas e morcegos no DF

Na primavera e no verão, o aumento da umidade e das temperaturas favorece a maior atividade de insetos, como mosquitos, escorpiões, aranhas e pequenos répteis, uma vez que as condições são ideais para reprodução e proliferação desses animais. É o que explica Camila Braga, coordenadora de ciências e biologia da Blue Global School. 

David Gentil, 23, levou um susto ao ser picado por uma aranha marrom, há um ano, em uma região de chácaras no Lago Norte. O acidente ocorreu ao calçar um tênis, onde se escondia o animal. "Levei uma picada no dedão. Tive a sensação de que um carro havia passado por cima do meu pé. A dor era tão intensa que não conseguia ficar em pé", recordou o fiscal de frota. Inchaço nos lábios, sudorese, formigamento do joelho para baixo e coração acelerado foram os outros sintomas que manifestaram-se.

Levado ao hospital mais próximo, David foi medicado para dor e encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde tomou o soro antiaracnídico — que previne a necrose na pele — indisponível na rede particular. "Meu pé desinchou somente dois dias depois. Agora, fico muito mais atento a sapatos, cobertas e frestas, costume que passei às pessoas que convivem comigo", contou. 

Picadas de escorpiões causam dor intensa, sensação de ardência ou agulhadas, inflamação no local, tremores, vômitos e podem evoluir para problemas neurológicos. Em casos graves pode levar a óbito. Já os acidentes com aranhas venenosas, como a marrom e a armadeira, provocam dor, vermelhidão e inchaço, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. "Não podemos esquecer dos mosquitos, que têm potencial de transmitir doenças como dengue, malária, febre amarela e leishmaniose", pontuou a bióloga. 

Foi uma picada de escorpião, durante um passeio com o cachorro, que levou a estudante Neusa Karoline França, 21 anos, à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em 2021. Inicialmente informada que o acidente costumava causar maiores preocupações quando ocorrido com crianças e pessoas idosas, ela não esperava que os sintomas iniciais, como dor e vermelhidão, fossem evoluir para taquicardia e hipotermia. Após receber o soro antiescorpiônico, precisou ser internada.

"Eu morava em Sobradinho e costumava levar meu cachorro para passear todas as noites em uma área verde. Em uma dessas ocasiões, senti uma picada e pensei ser uma formiga. Ao conferir, percebi que o ferrão estava no meu pé e era de escorpião, caído no chão, ao lado do meu chinelo. Peguei meu cachorro no colo, corri para meu apartamento e partimos para o hospital. Quando cheguei, já me deram morfina", relatou a jovem. 

 

Acidentes

"É necessário redobrar a atenção neste período, inclusive com morcegos e larvas de mariposas, típicos da estação. Em um contexto de tempo quente e chuvoso, os morcegos podem se aproximar de áreas urbanas em busca de alimentos. Além de transmitir a raiva, podem causar doenças respiratórias, como a histoplasmose, quando há contato com suas fezes", explicou Camila Braga. 

No caso das mariposas, o risco maior está em suas larvas — como a taturana — que contém cerdas pontiagudas e venenosas, e podem causar queimaduras dolorosas. Os acidentes geralmente ocorrem durante o manuseio de galhos, troncos e folhagens diversas. "A recomendação é manter ambientes externos iluminados com luzes amarelas, que tornam o local menos atrativo para esses insetos, além de, claro, evitar tocar em larvas ou em taturanas", orientou a especialista.

André Bon, infectologista do Hospital Brasília, da rede Dasa, lembra que os acidentes com serpentes são comuns nessa época, principalmente em trilhas ou locais de mata. As mordidas causam dor intensa, inchaço e até sangramentos em outras partes do corpo. Sintomas neurológicos, como visão dupla e pálpebras caídas, também podem ocorrer. "O atendimento para utilização de soro é extremamente importante se o acidente for por jararaca, surucucu e cascavel, principais serpentes venenosas do Brasil", detalhou o médico. 

No Distrito Federal, acidentes com animais preçonhentos aumentam a partir de agosto, atingindo o ápice entre outubro e dezembro, segundo a Secretaria de Saúde (SES/DF). "Quando chamadas, as equipes da vão aos locais e fazem a capturas de espécimes, quando localizadas, e também orientam a população local. Salientamos que escolas, creches, casas de idosos são inspecionados prioritariamente, pois são lugares com a população mais vulnerável a acidentes graves", destacou a pasta.

 

Recomendações

Fonte: Secretaria de Vigilância à Saúde, SES/DF

Numeralha

Ocorreram 1.068 acidentes por animais peçonhentos no DF no primeiro quadrimestre de 2024

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Letícia Mouhamad +

Letícia Mouhamad

Repórter

Jornalista graduanda pelo IESB e formada em letras pela UnB. Vencedora do Prêmio Sebrae de Jornalismo. Teve experiência na Revista do Correio e, desde 2023, atua na editoria de Cidades

postado em 02/11/2024 06:00Visite correiobraziliense.com.br para ler a matéria completa.
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