Pompéu homenageia "Dama do Sertão"

Gustavo Werneck 08/12/2024 04:00 - atualizado 08/12/2024 07:45

Hugo Castro, do Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu, Maria Magalhães, descendente de dona Joaquina, e prefeito Ozéas Campos conduzem homenagens

crédito: Gustavo Werneck/EM/D.A Press

Um dia para reverenciar a memória de dona Joaquina do Pompéu (1752-1824), mineira de reconhecida influência nas Gerais, especialmente na segunda metade do século 18 e início do 19, e participação nas lutas pela Independência do Brasil. Ontem (7/12), moradores de Pompéu, na Região Centro-Oeste de Minas, a 170 quilômetros de Belo Horizonte, prestaram homenagem à chamada “Dama do Sertão”, na data dos 200 anos do seu falecimento.

 

 

Natural de Mariana, na Região Central de Minas, Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco, ainda criança, se mudou com a família para Pitangui, no Centro-Oeste. A história dessa importante mulher está bem preservada em Pompéu, onde, em 20 de agosto de 2011, foi inaugurado o Centro Cultural Dona Joaquina do Pompéu, espaço que reúne museu, anfiteatro e área administrativa.

 

 

“Lembrar Dona Joaquina, na passagem dos 200 anos do seu falecimento, é reverenciar o legado e a história de uma destemida mulher, símbolo, até hoje, de determinação, garra, patriotismo e mineiridade. Foi uma grande cidadã – e nada mais complexo do que o exercício da cidadania, em especial naquele final do século 18 e início do 19”, diz o presidente do Instituto Histórico e Geográfico (IHG) de Pompéu, Hugo de Castro Machado. “Para usar uma palavra bem atual, era empoderada”, acrescentou.


Cerimônia e História

Na manhã de ontem, houve uma solenidade, promovida pelo IHG de Pompéu, no Centro Cultural Dona Joaquina de Pompéu, com a entrega da “Medalha Especial em Honra à Efeméride dos 200 anos do Falecimento de Dona Joaquina do Pompéu”. Em seguida, os agraciados com a honraria e convidados seguiram até o cemitério, distante 18 quilômetros da sede municipal, onde a homenageada está sepultada. Em Pompéu Velho, foi colocada uma coroa de flores sobre o túmulo. Estavam presentes o prefeito Ozéas da Silva Campos e alguns dos descendentes da “Dama do Sertão”, entre eles o casal Joaquim Álvares da Silva Campos, advogado, de 89 anos, e Maria Julieta de Faria Campos, fazendeira, residente em Paracatu (Noroeste de Minas), e Maria Rosa Campos Magalhães, empresária residente na capital.

 

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Pesquisador contumaz, o presidente do IHG conta que, em 9 de abril de 1822, a fazendeira se encontrou com Dom Pedro I (1798-1834), em Ouro Preto – a viagem do príncipe regente é vista como o primeiro “brado retumbante” da emancipação, por ele anunciar ao povo “que os laços do despotismo não prevaleceriam sobre os anseios de liberdade e independência”. De tão patriótica, usava roupas com fitas nas cores verde e amarelo, conforme registrou o escritor Agripa Vasconcellos (1896-1969).

“O papel dela foi preponderante nas batalhas que sucederam o 7 de setembro, especialmente em 1823. Dona Joaquina tomou a frente como guardiã e protetora da região, enviando dinheiro, gado e mantimentos para ajudar na luta contra o último reduto oponente à Independência”, relata o presidente do IHG de Pompéu.

 

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Uma curiosidade é que não se sabe como era a real fisionomia da fazendeira, mas um quadro pintado em 1998 por Yara Tupynambá, e exposto no museu do Centro Cultural, dá o tom da figura valente, determinada e que parecia viver em dois mundos. “Foi uma mulher de atitude, corajosa e determinada. À frente do seu tempo”, disse o advogado Joaquim Álvares da Silva Campos sobre a célebre antepassada.

 

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Conforme pesquisas, a mineira era grande criadora de gado, destacando-se pelo fornecimento de alimentos para a corte portuguesa, tão logo dom João VI (1767-1826) e seus súditos desembarcaram no Rio de Janeiro em 8 de março de 1808. Além da remessa de 200 cabeças de gado para a corte, ela doou animais para alimentar as tropas na batalha pela Independência (1822).

 

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