O grande carnaval catanduvense de 1922

O grande carnaval catanduvense de 1922

Como relatei semana passada, Catanduva já foi considerada uma das melhores cidades do interior do Estado de São Paulo para se comemorar o carnaval em épocas passadas, chegando até receber o título de “melhor carnaval do interior”.

Nestes quase dez anos de coluna Contando História, já escrevi muito a respeito do carnaval em nossa cidade, inclusive, semana passada, relatei um fato não tão alegre em um de nossos festejos carnavalescos. Na matéria de hoje, trago relatos do carnaval de 1922, ano da comemoração do centenário da Independência, que muito foi comemorado em nossa querida Catanduva

Vila Adolfo

Desde os tempos mais antigos de nossa cidade, quando esta ainda era uma vila, o carnaval já atraía a população para as ruas e as convidavam à dança.

Dentre os populares que faziam a festa em tempos remotos, uma figura se destaca pelo seu ardor nestes festejos: a conhecida Comadre Luíza. Filha de escravos, nasceu no Rio de Janeiro em 24 de agosto de 1874. Chegando à Catanduva em meados dos anos de 1910, Luíza trabalhou como empregada, cozinheira e babá em várias casas da cidade. E sempre demonstrava seu grande gosto pelo carnaval.

Sabendo disso, muitas de suas patroas lhe davam folgas nos dias de festas, além de lhe emprestarem roupas e adereços carnavalescos. Foi a primeira mulher catanduvense a aparecer em público com autêntico espírito de folia, em 1917, nas decoradas ruas de Vila Adolfo.

O carnaval de 1922

Um dos primeiros carnavais de nossa cidade que teve grande destaque foi o carnaval de 1922, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. Por consequência disso, vários foram os carros alegóricos que fizeram alusão ao fato, além da presença do Rei Momo e da Rainha.

Foi o primeiro carnaval de rua de forma ardente em Catanduva, com enormes gastos de serpentinas, confetes e lança-perfumes.

Segundo matéria de Carlos Machado, publicada no Jornal O Regional, de 19 de outubro de 1984, este relata que “(...) o carnaval de 1922 de Catanduva de rua foi o iniciador, pode ser dito, dos que se seguiram, cada qual mais atraente, chegando à fama do que hoje desfrutamos”.

O carnaval de 1922 se realizou no trecho das ruas Brasil e Maranhão, entre as ruas Sergipe e Pernambuco, onde para lá se dirigiam muitos cavaleiros, numa participação bem posta. O gasto de confetes e serpentinas, tanto nas ruas como nos bailes de salão, foram enormes para época. Também a venda de lança-perfumes foi muito grande, sendo o produto muito utilizado naquele ano. Vale destacar que nessa época o lança-perfume era um produto legal, sendo proibido apenas em 1961, pelo presidente Jânio Quadros.

Porém, o grande destaque no consumo daquele ano foi o uísque. Nos carnavais, Catanduva consumia muito dessa bebida de origem escocesa, chegando até ser comentado na imprensa paulista.

Foi nesse ano que os carros alegóricos começaram a aparecer na cidade. Daí por diante, carnaval era festa de agito, de tirar o fôlego e de muita animação entre a população.

Clubes

A animação não se dava só nas ruas: muitos bailes se realizavam em diversos clubes da época. Antes dos anos de 1930, as festas se realizavam de maneira animada no Clube 7 de Setembro de Catanduva, além de grandes bailes realizados pelo Centro Espanhol, pela Sociedade Italiana, dos filhos do progresso, dos patrícios de cor e também daqueles da chamada “zona tórrida”.

Nesse tempo passado, ainda não se tinha as escolas de samba, que com suas coreografias e danças ensaiadas, fizeram, em épocas posteriores, o gosto da população.

Mesmo assim, a animação e o espírito de se festejar era tão grande, que os carros alegóricos e os desfiles eram produtos da iniciativa popular, da vontade de curiosos em construir os carros alegóricos e colocá-los nos desfiles. E o povo respondia com entusiasmo, com espontaneidade, se movimentando nas ruas, em blocos ou cordões, ou com gaiolas, um guarda-chuva ou uma chupeta, caindo na brincadeira.

Outro costume da época eram as “guerras” e “batalhas” de confete e serpentina que forravam as ruas, numa época em que oi carnaval não contava com nenhuma colaboração da prefeitura municipal. Foi somente a partir de 1930 que o Executivo municipal começou a apoiar os festejos.

A partir de 1930, também, é que surgiram os primeiros cordões que se exibiam, além da parte de rua, num tablado que se armava em frente à Praça da República, defronte à agência do Banco Brasileiro de Descontos. Coretos eram instalados à Rua Brasil, nas esquinas das ruas Sergipe, Alagoas e Pernambuco, para maior farra da festança, onde se faziam ouvir músicos de bandas locais.

Fonte de Pesquisa:

 - Material consultado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

 

Foto: Era comum nos primeiros carnavais de Catanduva a realização das “guerras” de confetes e serpentinas, que animavam a população. O lança-perfume também era liberado nessa época e só foi proibido, no Brasil, durante o governo do presidente Jânio Quadros.

Autor

Thiago Baccanelli Professor de História e colunista de O Regional.Visite O Regional para ler a matéria completa.
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