Quem é Yahya Sinwar, líder 'linha-dura' do Hamas que foi morto por Israel em ataque em Gaza

O líder político e militar do Hamas, Yahya Sinwar, foi assassinado em uma operação militar no sul da Faixa de Gaza na quarta-feira, anunciaram fontes israelenses nesta quinta, após a realização de uma série de exames periciais para confirmar sua identidade. Parte da estrutura decisória do grupo palestino há quase uma década, ele era apontado como o idealizador do atentado terrorista lançado pelo grupo fundamentalista palestino contra Israel em 7 de outubro de 2023.

Nascido em uma família de palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas casas durante a primeira guerra árabe-israelense (1948-49), Sinwar, de 62 anos, nasceu no campo de refugiados de Khan Younis, estudou árabe na Universidade Islâmica de Gaza e entrou para a militância armada quando Israel ainda ocupava a Faixa de Gaza. Sua primeira prisão foi em 1982, por “atividades islâmicas”, sendo novamente detido em 1985. Na época, se aproximou do fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e assumiu o serviço de segurança interna do grupo. Seus alvos, além de pessoas acusadas de colaborarem com Israel, eram as “atividades imorais”, como lojas com material pornográfico. Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.

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Na prisão, tornou-se fluente em hebraico e, após ter feito uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro, chegou a receber uma proposta para colaborar com Israel. Ele recusou. Em 2011, quando houve aquela que, até agora, era a mais famosa troca de reféns por prisioneiros da História israelense – a de mil palestinos pelo soldado Gilad Shalit –, Sinwar ganhou a liberdade e voltou para Gaza como um nome de destaque do Hamas.

Seis anos depois, em 2017, quando já integrava uma lista de pessoas consideradas terroristas pelos EUA, foi escolhido chefe do conselho político do Hamas na Faixa de Gaza, sucedendo a Ismail Haniyeh, que vivia no Catar. Apesar do passado “linha-dura”, que incluiu a ordenação de execuções de adversários mesmo quando estava na cadeia, os primeiros sinais enviados a Israel eram um pouco diferentes.

Em 2018, mandou mensagens, incluindo ao próprio premier Benjamin Netanyahu, afirmando que estava cansado da guerra e que seu objetivo era transformar Gaza numa sociedade funcional e pacífica. Um discurso que, como apontam analistas hoje, convenceu muita gente.

— Sinwar leu bem a mente dos israelenses — disse Michael Milshtein, chefe do Fórum de Estudos Palestinos no Centro Moshe Dayan de Estudos do Oriente Médio e África, à Bloomberg. — Ele queria que Israel acreditasse que o Hamas estava se concentrando na estabilidade de Gaza, promovendo temas civis. Plantou a ideia errada para os israelenses.

Ao longo dos anos, Sinwar manteve contatos indiretos com o governo israelense e com a Autoridade Nacional Palestina, que controla a Cisjordânia, obtendo inclusive novas permissões para que cerca de 18 mil palestinos que vivem em Gaza trabalhassem em Israel. A ideia que passava era que o Hamas não estava preocupado com a guerra, mas sim com o dia a dia dos mais de 2 milhões de habitantes do enclave.

— O Hamas e Sinwar enganaram Israel, e fizeram parecer que a guerra não era uma opção para o Hamas — disse à Bloomberg o jornalista Akram Atallah, colunista do jornal al-Ayyam. — Foi uma campanha sofisticada de desinformação, fazendo com que Israel acreditasse que estavam falando sobre paz, sobre trabalhadores e sobre uma vida econômica para os moradores de Gaza.

Com as mortes de Ismail Haniyeh, então chefe do gabinete político morto em julho no Irã, e de Mohammed Deif, chefe do Estado-Maior do Hamas, Sinwar havia se tornado uma figura ainda maior dentro do grupo, assumindo a liderança política a partir da sucessão de Hanyeh.

Esconderijos e roupas de mulher

Sinwar não era visto em público desde o início da guerra. Seu primeiro sinal de vida público em 11 meses havia sido em setembro, quando parabenizou o presidente argelino Abdelmadjid Tebboune por sua vitória nas eleições em uma postagem no Telegram. Dias depois, o Hezbollah divulgou o que seria uma rara carta escrita por ele, direcionada ao grupo xiita libanês. Nela, o líder do Hamas reafirmava o seu compromisso de lutar contra Israel e apoiar as organizações militares financiadas pelo Irã no Oriente Médio, cuja aliança ficou conhecida como Eixo de Resistência.

Ele deixou os túneis da Faixa de Gaza após quase ser capturado pelas tropas israelenses no início de agosto, e estaria se escondendo "vestido de mulher" entre os palestinos, de acordo com a Inteligência israelense. Também evitava realizar chamadas telefônicas, enviar mensagens de texto ou outros meios de contato eletrônicos que o Estado judeu pudesse rastrear — e que levaram à eliminação de outros membros do grupo terrorista nos últimos meses.

Em vez disso, o líder do Hamas usava um sistema complexo que incluía mensageiros, códigos e notas manuscritas que lhe permitia dirigir as operações do Hamas. (Com AFP e Bloomberg)

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