Governo Lula recebe com preocupação escolha de Marco Rubio como secretário de Estado por Trump
A escolha do senador Marco Rubio, da Flórida, para ocupar o cargo de secretário de Estado no segundo mandato do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi recebida com desânimo e preocupação por integrantes do governo brasileiro. Em uma avaliação reservada, a expectativa é que Rubio poderá apresentar problemas para o Brasil tanto do ponto de vista multilateral como nas relações bilaterais.
As relações com o Brasil devem ser difíceis, avaliam diplomatas. Nas palavras de um importante integrante do governo Lula, "haja perspicácia" em uma convivência entre o chanceler Mauro Vieira e o futuro chefe da diplomacia americana. Os contatos de Vieira com Washington — frequentes com o atual secretário de Estado, Antony Blink — devem diminuir.
A proximidade das relações entre Brasil e China já incomodavam Rubio como parlamentar. No início do ano passado, o senador escreveu um artigo sobre o tema. Disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorria a Pequim atrás de dinheiro, porque não encontrava financiamento por parte do governo de Joe Biden.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, Marco Rubio comemorou o resultado da eleição de 2018. Em um rede social, ele escreveu: “O novo governo de Bolsonaro apresenta uma oportunidade de garantir uma aliança mais forte e estratégica com nossa nação que pode beneficiar o povo brasileiro”.
Também criticou publicamente Alexandre de Moraes, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o funcionamento da rede social X, de Elon Musk — outro futuro integrante da equipe de Trump, que assumirá em janeiro de 2025.
Ele estendeu as críticas a Lula, ao publicar que “o banimento do X no Brasil, sob a administração Lula, levanta sérias preocupações sobre a liberdade de expressão e o alcance do Judiciário”.
Rubio é dito como "linha dura" por auxiliares de Lula e na área diplomática do governo brasileiro. Pode adotar políticas agressivas no combate à imigração e ao lidar com o que chama de "inimigos" dos EUA, como China, Irã, Cuba e Venezuela. Com isso, emite sinais de que irá de encontro a princípios defendidos pelo Brasil, como a não aplicação de sanções econômicas.
Há, ainda, a expectativa de Rubio buscar um protagonismo maior dos EUA nos conflitos internacionais. Ele poderá, por exemplo, tentar diminuir a importância da atuação de Brasil e China na busca pela paz entre Rússia e Ucrânia.
A posição esperada de Rubio é de tomar posições mais favoráveis à Rússia na guerra, que começou no início de 2022. O senador chegou a votar contra uma ajuda militar de US$ 95 bilhões aos ucranianos.
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