Hotel 'mal-assombrado' dos anos 80 preocupa moradores por abandono no litoral de SP; VÍDEO
Hotel abandonado atrai turistas e preocupa moradores em Ilha Comprida, SP
Mato, paredes pichadas e outros sinais de abandono. Essa é a visão de quem se aproxima do Hotel Maré Alta, em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. Conhecido popularmente como ‘mal-assombrado’, o imóvel já teve anos de glória em que servia como atração na cidade. Agora, é motivo de preocupação até para turistas. Ao g1, a prefeitura disse monitorar o local.
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As ruínas do Hotel Maré Alta, fundado em 1984 e abandonado há aproximadamente 20 anos, chamam atenção no Balneário Praia do Marlyn.
Ao g1, uma ex-funcionária que lavava louças no estabelecimento contou ter lembranças vagas da época em que trabalhava lá. Selma Pires Medeiros Barbosa, de 51 anos, acompanhou a ascensão do comércio desde o ano da inauguração.
"Tinha o restaurante [e] o salão do restaurante, que era enorme. Tinha sala de jogos, salão de festa, [e] a parte da lavanderia embaixo, onde as camareiras trabalhavam. Era um hotel muito chique, muito chique na época", disse.
A fotógrafa e monitora ambiental Monica Novaes também frequentou o hotel a trabalho. Entre ensaios fotográficos e visitas turísticas que fez por mais de dois anos, a partir de 2022, ela agora prefere manter distância do imóvel.
"Ali está perigoso, o mato está da minha altura, tem bicho ali, tem cobra, tem escorpião. Então, o certo seria ali estar interditado e não acontecer turismo [...]. Se a pessoa tem acesso para entrar sozinha, ela está correndo risco ali dentro”, opinou a profissional.
História
1 de 2 Hotel Maré Alta fica em Ilha Comprida, SP — Foto: Paulo BergamoHotel Maré Alta fica em Ilha Comprida, SP — Foto: Paulo Bergamo
Com pouco mais de 13 mil habitantes, Ilha Comprida tem 74 km de praias com variadas opções de passeios. Justamente a diversidade de afazeres consagrou a cidade como ponto turístico conhecido no estado de São Paulo.
Foi nesse cenário que, em 1984, o Maré Alta foi fundado. A fotógrafa e monitora Monica explicou ao g1 que a arquitetura do hotel foi inspirada em um navio. Durante os tours que fazia pelo imóvel com clientes, a profissional explorava essa curiosidade e levantava hipóteses sobre os motivos do abandono priorizando um tom de suspense.
"Comecei a fazer turismo, criei uma historinha a respeito do lugar, porque lá tem muita pichação, está bem deteriorado [...] só que, agora, ele está muito deteriorado. Então, eu parei de fazer porque está meio perigoso. A estrutura está muito comprometida", complementou ela.
Selma, por sua vez, relatou ter começado a trabalhar no estabelecimento quando ainda era adolescente e no cargo de ajudante de cozinha.
Além de lavar louças, a funcionária passou pelos cargos de garçonete e recepcionista enquanto crescia junto com o hotel. "Ia bastante turista para lá, grupos musicais famosos [...] ia muita gente famosa", disse Selma.
'Cada um fala uma coisa'
2 de 2 Ruínas do Hotel Maré Alta, em Ilha Comprida (SP) — Foto: Paulo BergamoRuínas do Hotel Maré Alta, em Ilha Comprida (SP) — Foto: Paulo Bergamo
Todo o luxo se transformou em preocupação quando, há aproximadamente 20 anos, o estado de abandono do hotel começou a chamar atenção de maneira negativa.
O criador de conteúdo Paulo Bergamo, de 68 anos, autor das imagens do início da reportagem, contou que já ouviu diversas ‘lendas urbanas’ a respeito do hotel. Ele não sabe exatamente o que aconteceu, mas, assim como Monica, não se sente à vontade lá dentro.
“Cada um fala uma coisa. Uns falam em briga de família, outros falam que quebrou financeiramente", disse ao g1. "Eu acho perigoso entrar no hotel [pela] questão física, de cair um pedaço de teto na sua cabeça, uma telha. É isso que eu vejo".
Monica destacou que teme as condições estruturais da construção abandonada. Ela também citou a ausência de intervenção do município para solucionar o problema.
"Ninguém está tomando conta, está aberto ao público. Então, tem gente fazendo uso, por exemplo, morador [em situação] de rua. Você vai lá, tem resto de roupa, tem marca de fogueira nos espaços. Mas, autoridade, eu nunca vi ninguém falando nada a respeito", lamentou.
Prefeitura
A administração municipal informou, por meio de nota, que está "adotando as providências cabíveis para a interdição do local e para a aplicação das penalidades legais" aos proprietários, que abandonaram o espaço.
Segundo a prefeitura, a Defesa Civil será acionada para fazer uma análise técnica e emitir um parecer detalhado sobre a condição estrutural, "indicando a melhor forma e os procedimentos adequados para garantir a segurança do local". A data não foi divulgada.
O município reforçou que o local é distante do centro urbano e não pode ser visitado. Ele é monitorado pelo Controle de Vetores de Ilha Comprida.
"Com os Equipamentos de Proteção Individuais , os EPIs, os agentes coletam amostras de larvas para análise. Quinzenalmente é aplicado o larvicida. A orientação preventiva é que as pessoas não visitem esse local, já que o imóvel apresenta riscos e resíduos para proliferação de doenças", afirmou.
O g1 não conseguiu entrar em contato com os donos do hotel até a última atualização desta reportagem.
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Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.
(Jeremias 29:11)
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