Servidores seguem acampados em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso para impedir que nova gestão assuma unidade

Servidores do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na Zona Norte do Rio, permanecem na porta da unidade, na tarde desta quarta-feira, para impedir a entrada de funcionários do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), de Porto Alegre (RS), responsáveis pela nova gestão. O clima é de tranquilidade no local. A Justiça estipulou multa diária de R$ 50 mil caso o acesso ao hospital continue bloqueado.

Apesar disso, os servidores afirmam que permanecerão com o protesto, mesmo que a Justiça opte pelo uso da força. Cristiane Gerardo, diretora do Sindicato dos Servidores da Saúde, conta que a categoria está insatisfeita com as condições de trabalho e não concorda com o que chama de “fatiamento” — a descentralização da gestão dos hospitais federais:

— Ingressamos hoje com uma ação popular para tentar reverter esse quadro. O dinheiro que deram para eles podiam dar para a direção própria do hospital. O governo federal vem sucateando a gente para poder fundamentar politicamente o processo de entrega da rede para o serviço particular e fazer esse fatiamento. Existe uma narrativa mentirosa de que a nossa rede não funciona e não trabalha. Isso não é verdade. O governo federal, que era o gestor das unidades, não nos dá condições básicas de trabalho.

Servidores ocupam sala da direção do Hospital de Bonsucesso — Foto: Reprodução

Ainda de acordo com Cristiane, a nova diretora nomeada para o hospital, Elaine Lopes, não é a melhor opção para gerir a unidade de saúde. A enfermeira defende que há profissionais mais capacitados na rede pública.

— Tiram uma servidora efetiva da casa para nomear a Elaine, que vem da gestão de Niterói com um péssimo histórico no Hospital de Acari e sequer em um concurso para ser professora do ensino médio profissional da Fiocruz conseguiu passar. Então é isso o melhor que eles têm? — questionou.

Assim como a diretora do sindicato, Roberto Silva, funcionário do hospital, é contra a mudança na gestão e compara a situação do Hospital de Bonsucesso com o caso de transmissão de HIV por meio de transplante de órgãos no Rio. O enfermeiro aponta que é preciso uma gestão eficiente que foque na abertura de leitos.

— Hoje estamos vivendo um hospital falido, entregue, que não dá condições para a população ser atendida com qualidade. Não vamos abrir mão e temos que reunir forças para fazer a defesa da saúde federal. Precisamos que abram os leitos para que sabe trabalhar na unidade. O caso do transplante de órgãos com HIV envolveu um laboratório privado. Nós não vemos isso acontecendo na rede pública. Então qual o motivo de quererem colocar uma gestão privada? — questiona Roberto.

Na tarde desta terça-feira, oficiais de Justiça foram ao hospital para intimar o sindicato a permitir a entrada da nova gestão, composta por 80 funcionários. Como a ordem não foi cumprida, o Sindprev/RJ foi multado. A Polícia Federal acompanhou toda a manifestação. Houve um tumulto quando um homem tentou entrar na unidade de carro e foi bloqueado pelos presentes.

Já nesta quarta-feira, não houve uma nova tentativa por parte do GHC. Procurada pelo O GLOBO, a assessoria do grupo informou que não está no hospital porque foi impedido e “se não fosse isso, estaria dentro do Bonsucesso dialogando com os trabalhadores”.

Em nota, o Ministério da Saúde reforçou que "os direitos dos servidores ficam mantidos. Os profissionais poderão optar por continuar atuando no hospital ou serem transferidos para outras unidades da rede federal de saúde. Os direitos dos servidores, conforme os termos do concurso público ou contrato, serão preservados e, segundo a pasta, não haverá mudança de regime. Os funcionários terão direito de escolha garantido e acertado".

Edital para preencher vagas será publicado nesta sexta, diz grupo

Em nota, o GHC informou que será publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira o edital para Processo Seletivo Simplificado para preenchimento de 2.252 vagas em caráter temporário que foram autorizadas pelos ministérios da Saúde e da Gestão e Integração. "Atuais trabalhadores temporários poderão se inscrever para essa seleção. Os atuais Contratos Temporários serão mantidos nos prazos vigentes de novembro e dezembro. O objetivo é promover a recomposição dos funcionários", afirma o comunicado. Que segue:

"O GHC assegura o compromisso da instituição com a qualificação dos serviços para os usuários e tranquiliza os trabalhadores que o processo de recuperação do Bonsucesso será em pareceria com os trabalhadores para recuperar a plenitude de sua assistência, entre os quais a reabertura dos 207 leitos, que atualmente estão fechados, assim como a emergência. O objetivo da nova gestão é trabalhar com todos os funcionários comprometidos com a gestão qualificada do SUS para ampliar e fortalecer os serviços aos usuários fluminenses".

O grupo afirma ainda na nota que "é uma organização com mais de 64 anos de atenção à saúde, sendo referência no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). E formado por 4 hospitais, 1 centro de oncologia, além de uma UPA, mais 12 postos de saúde do Serviço de Saúde Comunitária, 3 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e uma Escola de formação em Saúde Pública".

"Vinculada ao Ministério da Saúde, essa estrutura reconhecida nacionalmente como a maior rede pública de hospitais do Sul do país, com atendimento 100% SUS. Possui uma oferta de 1.391 leitos, é responsável pela internação de 46,1 mil usuários por ano, cerca de 4 milhões de exames por ano, cerca de 1,1 milhão de consultas e outras 27 mil cirurgias por ano, além de cerca de 6,6 mil partos por ano", encerra a nota.

Prazo de 90 dias

De acordo com a publicação no Diário Oficial, o GHC terá um prazo de 90 dias para definir o quadro definitivo de funcionários que irão compor a "força de trabalho" para a nova administração. Além disso, a empresa também deverá produzir um relatório de diagnóstico apontando a situação da unidade federal em até 180 dias.

Hospital Federal de Bonsucesso passa para o Grupo Hospitalar Conceição - Protesto na entrada do hospital — Foto: Reprodução / TV Globo

A portaria define ainda que a empresa gaúcha poderá, por meio de sub-rogação, "manter contratos já existentes no Hospital Federal de Bonsucesso, respeitado a legislação aplicável, bem como celebrar novos contratos e instrumentos congêneres". Ao Ministério da Saúde, até que sejam concluídas todas as etapas que formalizarão integralmente a descentralização tratada nesta portaria, compete:

Mais recente Próxima Em visita surpresa a escola, Felipe Neto lança projeto de acolhimento psicológico a adolescentes

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

InscreverVisite globo para ler a matéria completa.
O Cidades do meu Brasil é apenas um agregador de notícias e não tem responsabilidade pelos textos publicados. O conteúdo de cada artigo é de responsabilidade exclusiva de seus respectivos autores e veículos de comunicação.

Últimas Buscas

Como fazer

Informações úteis para o seu dia a dia.

Datas Comemorativas de Hoje

Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo

Conhecido também internacionalmente pela sigla ATCO, do inglês Air Traffic Controller – o Contro...

Saiba Mais

Dia do Arquivista

O dia 20 de outubro foi escolhido como o Dia do Arquivista porque, há exatos 190 anos (em 1823) nes...

Saiba Mais

Dia do Poeta

Poeta é aquele que faz versos, que escreve poesias. A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma...

Saiba Mais

Dia Mundial e Nacional da Osteoporose

Conscientizar a população sobre as formas de combate à doença. Esse é o principal objetivo do D...

Saiba Mais
Versículo do Dia:
O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
(Salmos 23:1)
Bíblia Online