O campo magnético da Terra é o responsável por proteger a Terra da radiação letal do Sol e demais partículas cósmicas, o que mantém a atmosfera equilibrada. Se os polos magnéticos não existissem não haveria vida na Terra.
Essa barreira é produzida pelo movimento do ferro fluído que está no Núcleo do nosso planeta. Os polos magnéticos não são estáticos e os cientistas descobriram em um estudo que os polos norte e sul estão se invertendo mais rápido do que se esperava.
Entendendo o campo magnético da Terra
O campo magnético da Terra está a mais de 2,8 mil quilômetros abaixo da superfície. O ferro derretido no núcleo externo da Terra se movimenta e cria cargas elétricas que determinam os polos magnéticos e a interligação entre eles.
A força do magnetismo varia de acordo com o tempo e a localização no centro e na superfície da Terra. A relação entre o campo magnético e o núcleo é complexa. Isso porque, no núcleo o ferro fundido estica e torce o campo magnético.
O campo empurra esse fluxo de ferro fundido e resiste às distorções.
Nos últimos 150 anos percebemos que a força do campo magnético vem diminuindo. Este é um sinal de que o planeta está se preparando para a inversão dos seus polos magnéticos.
Antes de inverter, os polos magnéticos enfraquecem
O movimento que gera o campo magnético é conhecido como geodínamo. Para entender melhor nosso planeta, os cientistas criam modelos que simulam as condições do centro da Terra.
O astrofísico Gary Glatzmaier e o matemático Paul Roberts criaram um modelo de campo magnéticos autossustentável.
Este modelo, construído em 1995, simulava a passagem de 36 mil anos. No modelo, os polos acabam se invertendo, mostrando exatamente aquilo que os cientistas veem hoje.
A partir de dados coletados por satélites e de análises de amostras de sedimentos marinhos e fluxos de lava resfriado, constatou-se que a última vez que ocorreu a inversão dos polos magnéticos da Terra foi há 780 mil anos.
Movimentação do campo magnético está mais acelerada
O geofísico Christopher Davies, da School of Earth and Environment da University of Leeds, no Reino Unido, juntamente com Catherine Constable, do Scripps Institution of Oceanography, fizeram um novo modelo do campo magnético a partir de dados coletados nos últimos 100 anos mil anos para observar essas mudanças.
A simulador mostrou que é possível que o campo magnético mude de direção em até 10 graus por ano nas zonas em que ele está enfraquecido.
Essas mudanças são dez vezes mais rápido do que previa modelos anteriores ao de Davies e Constable. A movimentação também é cem vezes maior do que já foi observada nos últimos cem anos.
Os cientistas estão estudando essas alterações a partir da medição da força de magnetismos em latitudes elevadas, da flutuação do campo e também pelo enfraquecimento de um ponto localizado entre a África e a América do Sul.
Esse ponto é conhecido como Anomalia Magnética do Atlântico Sul. Neste local, a radiação é mais alta do que em qualquer área do planeta.
As consequências da inversão dos polos magnéticos
Como o campo magnético é uma camada de proteção da Terra. As mudanças nos polos significam uma maior quantidade de radiação entrando na Terra.
Isso pode aumentar o risco de desenvolvimentos de doenças como o câncer. Além disso, animais que usam o campo magnético da Terra para se locomover e localizar, como algumas espécies de pássaros e tartarugas marinhas, vão enfrentar uma série de problemas para se readaptar.
Contudo, apesar de ser uma mudança significativa, os cientistas ressaltam que temos problemas mais urgentes para nos preocupar como a emissão de gases tóxicos que já estão trazendo consequências para o nosso presente.