A maçã é tida como o fruto proibido mencionado nas passagens bíblicas. Contudo, há teorias que dizem que isso seria bastante improvável.
Caso Adão e Eva tivessem existido, o fruto proibido não poderia ser a maçã. Isso porque, a fruta que conhecemos hoje e é muito popular na nossa alimentação é resultado de um cultivo e domesticação que foi feito muito depois da “época em que o mundo foi criado”, como descrito na Bíblia.
O que foi a Rota da Seda?
Se hoje a maçã é uma fruta popular em todo mundo é por causa da Rota da Seda.
Trata-se de um caminho entre a Europa e o extremo leste da Ásia que os mercadores da antiguidade percorriam para comprar e vender mercadorias.
Essa movimentação de comércio é tida como o primeiro passo para a globalização da humanidade.
A Rota da Seda iniciou há cerca de 4,5 mil anos e foi mais intensa a partir do século 3 a.C.
Um estudo feito pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, concluiu que foi por volta desse período que a maçã deixou de ser uma fruta selvagem, pequena e pouco valorizada.
Isso ocorreu, pois a cultura da fruta foi domesticada a partir de processos de seleção das árvores e enxertos.
Foram selecionadas as árvores que tinham os frutos maiores e mais saborosos. Este foi um dos primeiros passos para a maçã se transformar em uma das frutas mais populares do mundo.
Como a pesquisa foi feita
O estudo feito pelo instituto alemão se baseia em pesquisas arqueológicas de sementes de maçãs antigas que estão preservadas na Ásia Ocidental e na Europa.
As informações foram combinadas com dados genéticos da fruta e confirmaram que a maçã selvagem era uma frutinha pouco atraente.
A seleção da fruta deu certo por conta da fauna europeia que floresceu após a última Era do Gelo, há cerca de 20 mil anos.
O trabalho da Rota da Seda também favoreceu esse cultivo, já que a maçã tal qual conhecemos hoje é um híbrido de pelo menos quatro espécies silvestres.
A natureza também favoreceu para a cultura da fruta. Na época, as regiões da Ásia e Europa possuíam diversos animais selvagens, como cavalos e cervos. Parte deles foram extintos depois.
Os frutos grandes, que não podem ser carregados pelas aves eram consumidos e tinham as sementes espalhadas por esses animais.
A ação humana na Rota da Seda fez com que fossem replantadas mudas de árvores de maçãs em outras áreas. Assim, o processo ocorreu muito mais rápido do que ocorreria em condições naturais.
O relato bíblico e a simbologia da maçã
De acordo com o que está relatado no livro bíblico de Gênesis, Eva teria desobedecido a ordem de não comer o fruto de uma árvore grande e frondosa do paraíso.
Eva fica muito tentada e acaba provando a fruta, que é descrita como uma maçã, e a oferece para Adão.
O relato original não fala de uma maçã especificamente, mas sim de um “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Provavelmente, a inclusão da maçã surgiu após as diversas traduções da Bíblia.
Ao transformarem o texto grego para o latim, foi usada a palavra “pomum“, que foi traduzida como maçã para as línguas modernas. Contudo, poderia ser qualquer fruto de aparência semelhante à maçã.
Há quem diga também que o fruto proibido foi denominado de maçã por conta da palavra “malus”, que em latim significava “mal” e teria sido confundida com “malum“, que em grego antigo significava maçã.
De fato, a fruta se tornou símbolo do pecado original descrito na Bíblia e até hoje é usada para representar o pecado, tentação e amor, em diversas culturas ao redor do mundo.